“O seu voto vale o futuro” é o slogan da campanha de Marcelo Oxley a prefeito de Pelotas, e Eduardo Villar como vice
Por Carlos Cogoy
O Podemos é o número 19 na urna eletrônica. A identificação partidária tem três anos, mas a origem remonta a 1945, quando surgiu o Partido Trabalhista Nacional (PTN). A primeira fase durou vinte anos, com o PTN sendo extinto pelo Ato Institucional Nº 2 em 1965. Trinta anos depois, o partido é recriado e esteve em atividade até 2017, quando houve a troca do nome para “Podemos”. Na disputa à Prefeitura de Pelotas neste ano, o Podemos concorre com os candidatos Marcelo Oxley para prefeito, e Eduardo Villar como vice. Faltando menos de um mês, para o primeiro turno da votação na cidade, os candidatos do 19 atenderam a solicitação do DM, e estão divulgando algumas das propostas que constam no Plano de Governo.
PREFEITO – Marcelo Bertholdi Oxley (41 nos), é casado e pai de dois filhos. Na formação, cursou Comunicação Social – habilitação jornalismo – na UCPel. Profissionalmente, administra uma empresa de refeições, que está no mercado há 28 anos. A candidatura à Prefeitura, é a sua primeira experiência política.
VICE – O candidato a vice-prefeito Eduardo Villar Lucas (35 anos), é casado e pai de dois filhos. Ele está concluindo a formação no curso de economia. Profissionalmente, administra a Imobiliária Villar, em atividade há sete anos. Para Eduardo Villar, a campanha também está sendo a primeira participação na política partidária.
DM – Num cenário de adversidades econômicas, o que motivou a disputa pela Prefeitura?
OXLEY – O contexto que me fez concorrer à Prefeitura, foi exatamente não concordar com uma política tradicional. Além de não estarmos passando por um bom momento político brasileiro, os meios utilizados, para que alguns políticos e partidos consigam os seus anseios, me decepcionam profundamente. Acredito que um prefeito deva servir ao povo.
DM – O porquê da opção partidária, e quais os compromissos da campanha?
OXLEY – O Podemos é um partido de centro, democrático e traz tudo de bom que há em todos os espectros políticos. Eu, Marcelo, sou de centro-direita e penso exatamente assim. Temos muitos compromissos estabelecidos no nosso Plano de Governo, e convido a todos para que conheçam as propostas.
DM – Avaliação da atual gestão, e como a sua candidatura contrasta com o mandato 2017/2020?
OXLEY – A atual gestão está confusa, sem pulso e ação. Não há gestão eficaz. Houve e ainda existem erros. A cidade está sem empregos, e não sabemos como fica o quadro político: tudo pode acontecer. Não é justo para a cidade, estar sempre em segundo plano.
DM – Qual o projeto à saúde pública, como ampliar o acesso ao atendimento qualificado?
OXLEY – Entre as ações, reforma urgente no Pronto Socorro, e informatização de UPAs e Unidades Básicas de Saúde. Consolidação e fortalecimento de parcerias com as instituições de ensino superior, para qualificar os serviços das UBS e PS. Criar o programa de Melhoria de Acesso na Atenção Básica, visando qualificar o atendimento nas UBS em 100 % das unidades. Queremos implantar o sistema de TelesSaúde e Teleconsulta, em parceria com o Ministério da Saúde e Secretaria Estadual de Saúde. Também fortalecer o controle social por meio de parceria com o Conselho Municipal de Saúde, e ainda a capacitação dos conselheiros municipais de saúde. Outra ideia é ampliar e estruturar as farmácias municipal e distritais, objetivando a melhoria de atendimento à população, e das condições de trabalho dos servidores. Para isso, através da captação de recursos federais e estaduais. Implementar em todas as unidades básicas de saúde, a marcação de consultas via telefone, e criar o projeto Saúde Bucal nas Escolas, uma política pública que visa educar e estimular os alunos a práticas de higiene bucal. O orçamento municipal se aproxima de R$1,3 bilhão. Então, valores que poderiam ser acrescidos, mediante as parcerias público-privadas.
DM – Propostas para a educação no município, que tem uma rede com dezenas de escolas, e implica compromissos desde a distribuição de vagas, merenda e transporte, até grade curricular. O candidato compromete-se com o pagamento do piso salarial dos professores?
OXLEY – Temos muitas propostas para a educação no Plano de Governo. É preciso criar um grupo que supervisione todas as escolas e suas necessidades. É preciso que o aluno permaneça mais nas escolas, com atividades extracurriculares, jogos de xadrez. Então, ampliar as atividades de contraturno para os alunos do ensino fundamental nas áreas cultural, artística e esportiva, aproveitando a rede municipal de ensino, buscando parcerias com entidades locais, e trabalhando de forma transversal com outras secretarias do município. Fomentaremos a criação de clubes de ciências nas escolas, possibilitando a iniciação à robótica, às novas tecnologias e o conhecimento científico. Além disso, manter e ampliar programas suplementares que promovam a acessibilidade nas instituições públicas para garantir o acesso e a permanência dos estudantes com deficiência, por meio da adequação arquitetônica, da oferta de transporte acessível, da disponibilização de material didático próprio e de recursos de tecnologia. E pensamos na criação de um ambiente online com a disponibilização de videoaulas de novos conteúdos, como empreendedorismo, educação sobre trânsito, cidadania, entre outros. Outro aspecto é a criação de Grupo de Trabalho Permanente para valorização dos servidores da educação. Também fortalecer o curso Pré-Enem nos bairros. Nos primeiros meses de governo, a ideia é conhecer as 91 escolas e se ambientar com as suas maiores dificuldades, trazendo soluções e perspectivas. A presidente nacional do Podemos, Renata Abreu, tem um projeto para viabilizar internet a todos, e isso poderia ajudar os bairros mais necessitados. Sobre o piso salarial: sim! É básico e necessário para mantermos os professores com “saúde” para trabalharem.
DM – Como alavancar a economia pós-pandemia, diminuindo o desemprego e a pobreza?
OXLEY – Batemos muito nessa tecla no Plano de Governo. O governo, se não consegue atrair empresas de fora, precisa dar atenção as que têm aqui. É preciso uma reformulação completa. Perdemos dez mil carteiras na pandemia, e é preciso focar no reparo destas perdas. O nosso compromisso é exatamente este e, como empresários, vamos apresentar algo que teve há uns trinta anos: empregos! Estaremos promovendo e liderando o desenvolvimento econômico sustentável de forma integrada à Região, gerando oportunidades de negócios e melhorando a qualidade de vida da população. Assim, identificando setores econômicos locais, com potencial de interesse público, próprio a Parcerias Público Privadas (PPPs). Portanto, estaremos regulamentando e qualificando a LEI das PPP´s. E queremos qualificar jovens aprendizes através de convênios com instituições dos governos estadual e federal. Investir no desenvolvimento das economias criativas para soluções sustentáveis, econômica, ambiental e socialmente, estimulando e assessorando Startups através do Polo Tecnológico. Instituir a cultura empreendedora no ensino fundamental de forma organizada e continuada nas escolas públicas municipais. Criar um programa de incentivo a Instalação de Empresas, e revisar o código Tributário Municipal para modernizá-lo.
DM – Em Pelotas, 70% dos servidores recebem complementação salarial para chegar ao salário mínimo, e o Sindicato dos Municipários tem projeto de Plano de Carreira, que ainda não foi implementado. Qual a política para os servidores municipais, a relação com o SIMP, e a postura diante de uma reforma administrativa, em âmbito federal, que pretende desmantelar a função pública?
OXLEY – A relação com o SIMP será levada a efeito quando estivermos lá, antes disso, é leviano comentar algo, pois sabemos que existem vários ruídos com o atual governo. A mudança das Leis não depende do Executivo, podemos propor e aguardar a viabilização na Câmara de Vereadores. O importante é o serviço publico de qualidade à população. E podemos utilizar a máxima: onde o público atua, o privado não se faz necessário; onde o público não atua, o privado poderá ser utilizado.
DM – E temas como a segurança pública, meio ambiente, patrimônio histórico e a valorização da economia da cultura?
OXLEY – Podemos afirmar que o nosso governo está comprometido com o desenvolvimento de forma sistêmica, ou seja, não existe atividade governamental desvinculada uma da outra, uma área é complemento da outra. Para usufruir do meio ambiente, precisamos estar alinhados com a segurança pública. O nosso patrimônio histórico precisa ser melhor “consumido”, através do turismo que é péssimo em Pelotas, considerando o Laranjal, centro e bairros. Também desejamos levar para os bairros, o Pacto pela Paz, que é um bom projeto, mas precisa ser melhor desenvolvido. E implementar, junto aos governos federal e estadual, a Delegacia da Mulher 24 horas.
DM – Em relação ao déficit habitacional, saneamento básico e mobilidade urbana?
OXLEY – Para melhorar, de fato, a questão do saneamento básico é preciso também explorar o nosso “pacotão de redução”: melhor disponibilidade dos cargos de confiança, prefeitura única (reduzir aluguéis), e a busca implacável pela inadimplência e dívidas do IPTU (13%). Hoje temos quatrocentos quilômetros de esgotos e valetas em Pelotas. Nos dias de hoje, algo inadmissível. Uma PPP caberia de forma urgente e necessária neste caso. A mobilidade urbana será vista como prioridade. Os engarrafamentos demostram que apenas asfaltar, em época eleitoreira, mostra que este macete já está ultrapassado. A mobilidade precisa ser pensada por profissionais da área. Já uma ideia para combater o déficit habitacional, seria por meios de parcerias com o governo federal e a iniciativa privada, a partir do financiamento público.
DM – Avaliação dos dois anos do governo Bolsonaro.
OXLEY – O Podemos é o partido com a maior bancada no Senado Federal. Agimos de forma independente, colaborando nos projetos de interesse da nação. Os dois anos de Bolsonaro estão sendo proveitosos. Estamos gostando e votamos nele. Todavia, quando não concordamos com alguma de suas ações, falamos e nos posicionamos naturalmente como faríamos com qualquer outro governo. O Podemos é um dos partidos que mais aprovam os projetos do atual presidente.
Fonte: Diário da Manhã | Laranjal