Ao que tudo indica, a população de Pelotas tem respeitado o isolamento social. Essa informação foi confirmada em análise da In Loco, empresa nacional e líder no uso da tecnologia de geolocalização.
Pelo sinal emitido nos smartphones, o sistema identificou 74,1% da população em isolamento no domingo, 22 de março, com uma média de 52% de afastamento durante o mês de abril.
Os números demonstraram que os cidadãos buscam colaborar no enfrentamento da pandemia, bem como que o Poder Público coloca em prática ações que vão ao encontro das indicações de especialistas em saúde. Eles recomendam 70% de afastamento como prática capaz de estabilizar o contágio.
O levantamento da movimentação nas cidades gaúchas teve início em 1º de março e também indicou que a taxa de adesão da população sofreu variações ao longo dos dias, com engajamento mais forte aos fins de semana e feriados. O dia 22 é um exemplo, na mesma semana em que um decreto municipal suspendeu as atividades comerciais e paralisou as aulas nas escolas públicas e privadas.
Faz-se necessário destacar que domingos e feriados são os dias em que as pessoas mais costumam ficar em casa, seja pelo tradicional almoço familiar ou apenas para descanso. Em abril, o maior índice registrado foi de 64,26%, observado no dia 19 – último domingo antes da retomada lenta e gradual do comércio, permitida pelo decreto nº 6.268, de 23 de abril
COMPARAÇÃO ENTRE CIDADES
O pico de 74,1% registrado em Pelotas pode ter relação direta com o número de casos positivos para a Covid-19, além de também demonstrar que as providências tomadas pelo governo municipal, baseadas em evidências científicas, têm surtido efeito para controlar a contaminação.
Em termos comparativos, pode-se analisar o caso de Novo Hamburgo, localizada na região metropolitana do Estado. O município tem média de isolamento, em abril, próxima de Pelotas (51%), mas ultrapassou a cidade no índice de distanciamento, com registro de 76,5% também em 22 de março. Entretanto, registrou 37 casos confirmados e dois óbitos pelo novo coronavírus até o momento, em uma população de aproximadamente 246 mil habitantes, conforme dados do IBGE. Enquanto isso, Pelotas – com cerca de 340 mil residentes – manteve 22 constatações e não apresentou nenhuma morte até esta segunda-feira (4).
O controle estabelecido na cidade, durante o mandato da prefeita Paula Mascarenhas, em parte se dá graças à colaboração dos cidadãos que seguem as restrições de segurança, usam máscaras de proteção e mantêm o isolamento social. Por outro lado, as normas rígidas aplicadas pelo Poder Público, por meio de decretos que visam orientar o comportamento frente à pandemia, são imprescindíveis à contenção da propagação do vírus.
Na avaliação da prefeita, reduzir para 30% a lotação de restaurantes, exigir uso de máscara de proteção a fim de ingressar nos comércios, higienizar constantemente os ambientes com circulação de pessoas e não abri mão da rigidez nas exigências para abertura de salões de beleza, foram algumas ações que se mostraram eficientes na contenção do patógeno, causador da Covid-19. “Contamos com a adesão dos pelotenses ao isolamento social. Precisamos segurar a curva de contaminação para termos tempo de garantir o número de leitos necessários ao atendimento dos doentes”, lembrou Paula ao comentar os dados.
SITUAÇÃO NO ESTADO
O levantamento também mapeou a movimentação nos demais estados brasileiros e demonstra ainda que as recomendações do governo do Rio Grande do Sul também estão sendo respeitadas na maior parte das cidades gaúchas.
No início do mês de abril, o Rio Grande do Sul chegou a ser o 6º estado em termos de isolamento social da população, mas com o crescimento no número de casos em outras localidades, chegou a ocupar a 13ª posição no domingo – 26 de abril –, com taxa de 50,01% de distanciamento. Apesar da queda, o índice ainda está abaixo do recomendado pelo Ministério da Saúde (MS) e pela Organização Mundial da Saúde (OMS), que apontam 70% de afastamento como o percentual indicado à garantia de a transmissão seja estabilizada.
COMO FUNCIONA A GEOLOCALIZAÇÃO
Por ser amplamente conhecida e estar presente em sistemas de GPS, Wi-fi e Bluetooth, instalados em telefones celulares, a tecnologia foi utilizada para capturar dados de forma criptografada, de forma a respeitar a privacidade do usuário e para que ninguém possa ser identificado individualmente. Apenas a localização é disponibilizada e os dados são ainda agregados por bairros, resultando no índice de movimentação de pessoas dentro das comunidades. No Brasil, com o uso desse sistema, aproximadamente 60 milhões de pessoas são rastreadas.
Fonte: Diário da Manhã | Laranjal