Falar dessa amada Mãe Orixá, mais do que um prazer, é a oportunidade de homenagear a mais cultuada de todos os Orixás em nosso país. Talvez por termos uma grande extensão de praias em nossa costa, ou porque seu arquétipo de Mãe é sentido em nossos corações, ou simplesmente porque é a própria manifestação de Olorum nos seus mistérios geracionistas.
Independente de como ou por quê? É certo que não há um único brasileiro que nunca tenha escutado falar nesta Mãe. Muitos talvez nem tenham a noção do que é um Orixá, Umbanda ou Candomblé, mas desta Mãe já ouviram falar em algum momento. Pular 7 ondas, vestir-se de branco, colocar lentilha na carteira, são hábitos que o brasileiro tem no seu imaginário. Herdados de nossas religiões afro-brasileiras e principalmente de nossa amada Umbanda.
Vários acontecimentos históricos fizeram isto ser possível, a criação de uma imagem de Iemanjá na década de 1950 por |Drª. Dara Paes Leme, o que facilitou a popularização desta Orixá, assim como ajudou em parte com o embranquecimento da Umbanda. Ou a famosa festa de Iemanjá na Praia Grande/SP onde desde a década de 1970 haviam as comemorações com milhares de umbandistas reunidos, enfim os motivos de um culto tão amplo de Iemanjá são muitos.
Não podemos negar que o sincretismo desta Orixá com as várias Marias mãe de Jesus ajudaram bastante e é esse o motivo de ter uma presença tão forte de seu culto na cidade de Pelotas. O sincretismo com Nosssa Senhora dos Navegantes que se faz presente nas comemorações de nossa cidade, permite que tenhamos uma forte movimentação litúrgica que tem acontecido anualmente com a presença não somente da Umbanda, Candomblé e Batuque, mas de outras vertentes e simpatizantes da festa.
Essa oportunidade de cultuarmos a Sagrada Mãe Iemanjá faz com que muitos aproveitem para fazer suas oferendas de agradecimento ou de pedidos. Ao leigo fica impossível diferenciar a oferenda das diversas religiões afro-brasileiras que residem em Pelotas e região, fazendo com que muitos sintam-se incomodados pela sujeira que se faz na orla e em outros pontos da cidade.
A prática ofertatória é milenar e herdamos muitas das características destas oferendas, assim como muitas outras foram modificadas. Sendo assim é momento de revermos as práticas ofertatórias e de convívio social. Não há motivos energéticos para que façamos oferendas e deixemos as mesmas apodrecendo nos pontos de forças.
A Umbanda não possui emolação, embora muitas vertentes se utilizem da prática de sacrifícios. Nos cabe respeitar as diferenças, não é sobre isso que estou falando, mas de começarmos a cuidar de nossos pontos de força. Para que assim possamos solicitar o respeito que merecemos como religião de nossa sociedade.
Se alguém critica nossa religião, lembrando que falo como umbandista, é porque damos motivos para isso. Nossa liturgia é uma das mais belas e ricas que existem, nossa teologia e teogonia também.
Outra forma ofertatória que precisamos rever são os famosos barquinhos de isopor com perfumes e outras bugigangas que ofertamos para Iemanjá, acredito que certas tradições devem ser repensadas. Vivemos um momento em que a preservação do meio ambiente se faz necessária, e se a Umbanda é uma religião de culto a natureza é importante sermos ativos no cuidado com a casa dos Orixás.
Muitos esquecem que fazer uma oferenda é um ato sagrado, que começa desde a preparação energética anterior ao ato ofertatório e passa pela entrada em ponto de força, saudações adequadas, entrega da oferenda, clamores ao Orixá, espera para a absorção energética e limpeza do local.
Fazer a entrega de elementos sem os procedimentos magísticos adedquados é tão eficiente quanto pular 7 ondas sem entender o motivo.
Desejo a todos o axé de nossa amada Mãe Iemanjá e que ela traga paz, saúde e harmônia a todos!
Por Pai Jorge Santos
Sacerdote de Umbanda Sagrada
Tutor da plataforma de ensino de Umbanda
http://www.institutopemba.com.br
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Fonte: Jornal do Laranjal